Produzido por:
Danielle Fernanda Lopes Matheus Dias
Manoa Pereira Vitorino Martins
Mariana Tenório da Silva Lima
Raíssa Anselmo da Silva
Olá!
Hoje
iremos apresentar um estudo de caso, sobre uma criança do maternal II, de uma
determinada escola, ele é um aluno com TEA (Transtorno do Espectro Autista),
conceituado como “[...] um transtorno global do desenvolvimento, que afeta
áreas do cérebro que comandam a comunicação e a interação [...]”. (TELES, CRUZ,
SOUZA. 2017, p. 153). Iremos chama-lo de Felipe para preservar sua identidade.
Felipe tem dificuldades de interação com seus colegas, mas gosta de brincar com
alguns brinquedos, porem quando as outras crianças tentam reunir-se com ele e
querem compartilhar os brinquedos, Felipe não permite interação com os colegas em
momento algum, nem tão pouco dá atenção as rodas de conversas que a professora
propõe. Quando isso acontece a professora deixa Felipe de lado brincando apenas
com os brinquedos preferidos, por não conseguir chamar a sua atenção, por outro
lado as outras crianças sentem-se incomodadas por ele continuar a brincar,
enquanto os mesmos tem que fazer outras atividades, como por exemplo ficarem
sentados por um tempo determinado participando da roda de conversa.
Então a partir dessa situação
problema iremos dar quatro possíveis soluções para ajudar a professora a lidar
com Felipe e seus colegas.
Fonte: Cartilha: Autismo: Uma realidade por Ziraldo, p.10
1.
Roda
de Conversa
A Roda de Conversa se revela um espaço de
dialogo, importante ferramenta de intervenção, pois, possibilita a comunicação,
resultando em reflexões sobre o reconhecimento e o respeito ao outro, estimulando
a participação coletiva. Ela auxilia na construção de um ambiente acolhedor
para a diversidade.
Por esses motivos pensamos que a
professora deveria fazer uma roda de conversa com seus alunos explicando sobre
a condição de Felipe, estimulando que as crianças brinquem com ele e o
respeitem quando estiver brincado fora de hora. Neste momento ela pode
trabalhar as diferenças com as crianças e o respeito não somente ao Felipe, mas
a todos. Para tentar fazer com que Felipe participe, a professora pode fazer
atividades nessa roda que Felipe goste, para que ele se sinta a vontade com ela
e com os demais colegas. Ao finalizar a roda, solicitar que as crianças
desenhem sobre o que conversaram.
Ao desenvolver o projeto de intervenção
na turma, o foco é proporcionar praticas de reconhecimento do outro, a fim de
quebrar algumas barreiras, para poder criar um ambiente amigável para as
crianças. Todas elas terão a oportunidade de participar de diferentes situações
de aprendizagens, num processo ativo de construção de significados e expressão.
2.
Atendimento
Multidisciplinar
A segunda intervenção que pensamos para
ajudar tanto Felipe, quanto a professora e seus colegas, como ele já é
diagnosticado com TEA, supomos que ele tenha passado por médicos e psicólogos,
contudo como Felipe apresenta agressividade, seria necessário que a professora
juntamente com a coordenação pedagógica chamar os pais para um diálogo sobre o
que tem acontecido em sala e solicitar deles um acompanhamento médico (caso não
o façam) para acompanhar a questão da agressividade dele. E caso os pais
afirmem que esse acompanhamento é realizado, solicitaríamos a avaliação de uma
equipe multidisciplinar, com a autorização dos pais, para que esta equipe faça
um relatório de Felipe, para que seja enviado ao médico da criança.
Sobre o acompanhamento multidisciplinar
no processo de inclusão de Felipe, concordamos com os autores Teles, Cruz e
Souza (2017, p. 167), quando afirmam:
[...] que estimular precocemente todas
as áreas adaptativas, com profissionais especializados, trabalhando em conjunto
por meio de uma equipe multidisciplinar, é um caminho para o tratamento efetivo
do TEA. Entendemos que os benefícios da estimulação precoce, a prática de
atividades físicas e as diversas terapias terão papel fundamental no
desenvolvimento do indivíduo com Autismo, que indubitavelmente irá refletir no
processo de inclusão escolar.
Felipe tem entre 3 anos e já foi
diagnosticado com TEA, está matriculado em uma escola que está preocupada de
fato com sua inclusão e interação, quanto mais cedo a equipe multidisciplinar
trabalhar com ele, melhor será sua inclusão na escola.
3.
Monitor
para o aluno:
Outra intervenção que pensamos é a
solicitação de um monitor, pois ao que parece a professora não tem uma pessoa
exclusiva para cuidar de Felipe. Esses profissionais que acompanham crianças
com autismo no ambiente escolar podem ser chamados também de mediadores ou
tutores. A função do monitor é de estimular o desenvolvimento da criança em uma
coletividade. Segundo Lucelmo Lacerda, “Alguns compreendem que o papel deste
acompanhante é o de cuidador. Se assim for, só tem direito estudantes que não
consigam, sem auxilio, ir ao banheiro, comer, ou executar outras atividades de
igual natureza [...]. (LACERDA, 2009, p.29). Contudo sabemos que não é só isso
que esse monitor faz, ele auxilia no desenvolvimento pedagógico da criança, daí
a importância desse profissional ter o preparo adequado para desempenhar sua função
4.
Trabalhar
a interação na hora do brincar
Observando que Felipe tem interesse em
determinados brinquedos, podemos aproximar ele dos seus colegas usando esses
brinquedos levando em consideração que crianças como Felipe comunicam-se melhor
quando o assunto é do seu interesse. A professora deve fazer essa intervenção
de forma que cada um tenha o seu brinquedo, para não haver desentendimentos,
pois apesar de Felipe ser o único com TEA, as outras crianças estão entre 3 e 4
anos de idade, portanto é comum nessa faixa etária que desentendimentos
aconteçam por causa dos brinquedos. Essa seria apenas uma tentativa de
aproximar os colegas de Felipe para que ele não fique sozinho e para que as
outras crianças entendam que a professora não tem preferências ou dá
privilégios a ele quando fica o tempo todo brincando.
Conclusão
Sabemos que existem outras intervenções
possíveis para auxiliar na situação problema de Felipe, contudo procuramos
elencar aquelas que achamos mais importantes para intervir na realidade dessa
criança. Na roda de conversa o principal objetivo é explicar às crianças as
diferenças e ensiná-las desde cedo o respeito; o acompanhamento com a equipe
multidisciplinar incluindo o médico é de suma importância para o sucesso da
integração de Felipe; é necessário que ele tenha um monitor exclusivo para ele,
para auxiliá-lo também na questão pedagógica e é extremamente necessário que
seja trabalhado a interação entre Felipe e os colegas principalmente na hora do
brincar.
Esperamos que com essas intervenções
Felipe, a professora e os colegas possam ter sucesso no processo de
inclusão-interação, uma vez que incluído Felipe já está, pois encontra-se matriculado e frequentando
as aulas, porém precisa de interação para que se desenvolva mesmo com o TEA. Podemos
perceber que não é somente o Felipe que precisa aprender a interagir, mas
também os colegas e a própria professora.
Referências
ALVES,
Maria; MURADAS, Michelle. Caminhos da Inclusão e a Inclusão como caminho
fortalecendo a teia da vida. In. ANAIS EDUCERE- XII Congresso Nacional de Educação. Curitiba: PUCPR, 2016. p.
15249-1566.
LACERDA,
Lucelmo. Mediador escolar, quem tem direito? Revista Autismo. On line. Ano V, N. 4. p. 29, Março – maio, 2019.
PINTO, Ziraldo Alves. Autismo: uma
realidade,
São Paulo: Megatério
Estúdio, 2013, p. 1-27.
TELES, Perolina; CRUZ, Cândida; SOUZA. Educação, TEA
e singularidades: desafios para a construção da inclusão. In. SOUZA, Rita (Org.).
Tons de Azul. Múltiplos olhares
sobre o Transtorno de Espectro do Autista (TEA) Aracajú, 2017. p. 153-168